DO REAL AO IMAGINÁRIO
Graduada em Letras com francês, Pós graduanda em Estudos Literários pela Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana).
DO REAL AO IMAGINÁRIO: UMA LEITURA DO ROMANCE “A CONFISSÃO DE LÚCIO” DE MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
RESUMO
O presente artigo realiza uma leitura do romance “A confissão de Lúcio” (1914), de Mário de Sá Carneiro, ao mesmo tempo que objetiva fazer uma análise da realidade vivenciada pelo protagonista Lúcio Vaz e o enredo fictício criado pela mente humana. É uma obra repleta de idealizações e incertezas que conduzem o leitor a fazer indagações da veracidade dos fatos relatados e a abraçar o mundo dos sonhos, erigido com o auxílio do transbordamento das sensações, devido ao excesso imagético utilizado por Mário de Sá Carneiro.
A MEMÓRIA ENTRE O REAL E O IMAGINÁRIO NA CONFISSÃO DE LÚCIO
Situado na época do Modernismo português, o poeta Mário de Sá Carneiro nasceu em 1890 em Lisboa. Filho único de pai rico e órfão de mãe desde dois anos de idade, Mário de Sá juntamente com seu melhor amigo Fernando Pessoa colaboraram na fundação da revista Orpheu.
Mário possuía uma enorme incapacidade de adaptação ao mundo moderno e isso era claramente denunciado em suas obras, pois podemos perceber que os seus inscritos versam sobre temas como: o suicídio, o amor pervertido e a anormalidade, chegando ao ponto da loucura.
Para alguns estudiosos de sua obra, Mário ousou correr o risco de encarnar a imaginação na vida ao ponto de converter toda a realidade em realidade poética. Segundo Perrone-Moisés, o drama que está na origem de suas narrativas, como de seus poemas, é o do desdobramento narcísico da personalidade.
Raramente, na literatura, o narcisismo foi levado a tais excessos. Em sua poesia, Sá-Carneiro dirige versos às suas próprias mãos,” brancas e lindas”; nos contos, os heróis beijam suas próprias imagens nos espelhos, prodigam a eles mesmos carícias e palavras ternas. Na vida, Sá-Carneiro sofria por ser gordo e ter