O que é poder
A palavra “poder” em nossa sociedade está muitas vezes revestido de um caráter pernicioso, caráter este que teria sido fruto do acúmulo das mais variadas teorias políticas e filosóficas durante o decorrer do tempo. E é com o intuito de retirar esta ideia, que Gerard Lebrun percorre e analisa algumas dessas teorias e filosofias em sua obra. Lebrun discute conceitos como: força, potência e poder, acreditando que os homens só respeitam a autoridade porque sabem que uma infração implica em uma punição; ele defende ainda que nenhuma organização política, pelo menos moderna, poderia existir sem haver dominação. O autor se mostra bem favorável a teoria da Soberania defendida por Hobbes em detrimento das demais para a descrição do poder.
Hobbes, apesar de ter sido leitor de Aristóteles, se opôs às ideias deste, de que o homem é um ser político e social e de que a república seria uma união destes para viverem bem e em harmonia. Assim, defendia que a República (Leviatã) deveria ser instalada com a finalidade de proteger os homens do estado natural - estado onde a vida seria uma guerra de todos contra todos, para que isso se concretizasse, seria necessário que todos os homens abrissem mão de seus direitos e estabelecessem um contrato garantido pelo soberano, ao Estado. A estratégia de Lebrun para sustentar esse seu pensamento é rebater todas as críticas feitas pelas outras correntes filosóficas, e mostrar que elas só discutem os detalhes mantendo a essência da teoria de Hobbes. . No capítulo “O Leviatã e o Estado burguês”, podemos constatar isso com mais clareza. Nele a discussão se dá em torno da crítica feita por Macpherson de que o modelo “hobbesiano” foi criado como sustentáculo da economia de mercado. Lebrun irá subverter a tese de Macpherson e mostrar que na verdade é o modelo de Locke que se apresenta para tutelar aquele tipo de economia.