O que temos e o que queremos
Desejo
Em filosofia, o desejo é uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação. É uma tendência algumas vezes consciente, outras vezes inconsciente ou reprimida. Quando consciente, o desejo é uma atitude mental que acompanha a representação do fim esperado, o qual é o conteúdo mental relativo à mesma. Enquanto elemento apetitivo, o desejo se distingue da necessidade fisiológica ou psicológica que o acompanha por ser o elemento afetivo do respectivo estado fisiológico ou psicológico.
Tradicionalmente, o desejo pressupõe carência, indigência. Um ser que não carecesse de nada não desejaria nada, seria um ser perfeito, um deus. Por isso Platão e os filósofos cristãos tomam o desejo como uma característica de seres finitos e imperfeitos.
Tradicionalmente, os filósofos viram o Bem como o objeto do desejo. Atualmente isso é questionado.
Necessidades
Certamente, a ideia de uma “necessidade filosófica” só se torna inteligível depois de se tentar circunscrever o campo de aplicação da noção de “necessidade”. Pode ser que a “necessidade filosófica” seja simplesmente o resultado de uma carência ou desajustamento entre os vários elementos teórico-práticos que se jogam na significação da experiência. Esta hipótese conduziria a reconhecer a possibilidade de tensões causadoras de mal-estar com origem em: 1. divergências entre as assunções e rede de valores semi-conscientes, por um lado, e desejos e objetivos, por outro;
2. incompatibilidades ou insuficiências operativas ao nível da racionalidade prática;
3. rigidez ou circunscrição da “filosofia implícita de vida” a escalas demasiado restritas em relação a situações dinâmicas e complexas que requerem pensamento criativo e capacidade de perspectiva;
4. dificuldades ao nível do trânsito ente os planos abstrato e concreto;
5. problemas de pontuação linguística;
6. situações-limite e/ou experiências negativas de contraste que envolvem um