O pensamento de Foucault e suas contribuições para a educação
Antonio Flavio Barbosa Moreira
Doutor em Educação, professor titular da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e pesquisador associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E-mail: afmcju@infolink.com.br
Não é tarefa fácil resumir, de modo simples, claro, preciso e rigoroso, o pensamento de um autor de textos densos e complexos, como Michel Foucault, nos quais idéias, categorias e métodos se elaboram, apresentam, transformam, aprofundam e enriquecem ao longo do tempo e da obra. A ausência de sistematização dos conceitos e das idéias que norteiam as análises, bem como os diferentes sentidos que certas categorias assumem em distintos escritos, tornam a tarefa similar à do detetive que, envolto em intrincadas e confusas pistas, procura ordenar, classificar, averiguar e compreender os fatos ocorridos. Diferentemente do detetive, porém, quem procura sistematizar o trabalho de um "filósofo edificante" não chega jamais à "verdade" dos fatos, mas sim a uma leitura, a uma possibilidade, entre outras, de exploração.
Mais difícil ainda, parece-me, é pensar a vasta obra de Foucault tendo em vista sua aplicação a um campo amplo, mutável e multifacetado como a educação. À dificuldade de condensar idéias, agrega-se a de refletir como elas podem ser úteis na problematização de práticas e teorias educacionais. Foi a essa tarefa que se dedicou Alfredo Veiga-Neto em seu relevante livro Foucault e a educação. O autor é, indiscutivelmente, o pesquisador brasileiro do campo da educação que mais e melhor tem trabalhado, em análises de questões desse campo, com o pensamento do filósofo francês. Daí minhas fortes expectativas ao iniciar a leitura, plenamente atendidas ao seu final.
Na apresentação do texto, Veiga-Neto reconhece faltar um livro que, "de forma acessível e didática, não apenas explicasse sua filosofia e mostrasse o que ele [Foucault] escreveu sobre o sujeito, os saberes, os poderes e as