O paradoxo do imaginário no ocidente

721 palavras 3 páginas
Em seu texto O paradoxo do imaginário no ocidente, Gilbert Durand percorre o itinerário histórico-conceitual da noção de imaginário, particularmente evidenciada pelo termo do qual deriva, a saber, o conceito de “imagem”. Para tal, o autor organiza-se ao redor de três eixos de abordagem: 1) o primeiro caracteriza-se pela tentativa de situar a endemia generalizada ao redor da ideia de ícone, partindo de sua acepção no contexto judaico-cristão até o posterior desdobramento do iconoclasmo na filosofia pós-moderna; 2) o segundo, a despeito do anterior, tenta identificar os possíveis focos de resistência da noção de imaginário em meio ao progressivo esvaziamento semântico imposto a este conceito desde a filosofia platônica – que, segundo Nietzsche, manteve-se atuante ao longo da história, subscrita na ideologia cristã; em último lugar, o autor contenta-se em sugerir alguns elementos que sublinhem o efeito perverso do uso da imagem, sobretudo após o advento da tecnologia cinematográfica.
Acerca do primeiro item Durand toma como ponto de partida o segundo mandamento da tradição judaica, qual seja, a proibição das imagens (eidolon). Em vista disso, o autor parece desconhecer o curioso dado hermenêutico a partir do qual descobrimos que, enquanto na Bíblia há aproximadamente cinco indicações que contestam o uso de ícones (entre as quais a mais conhecida está em Êxodo 20), outras vinte trazem minuciosas recomendações sobre como estes deveriam ser fabricados – isso para não nos reportarmos aos abundantes fragmentos bíblicos de linguagem simbólica, especialmente caso tomemos os livros sapienciais do Antigo Testamento ou o texto do Apocalipse. De uma ponta à outra, a Bíblia está repleta de referências ao imaginário (por exemplo, a figura do Dragão, da Serpente que fala e das várias figuras aladas – abundantes nos textos do Gênesis e do Apocalipse).
Conforme Durand, contudo, foi a partir de Platão e de sua repulsa à imagem – porque se tratava de uma repetição do conceito e, por

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