Juazeiro e caldeirão: espaços de sagrado e profano
1- O que é modernidade
O que Berenice, primeiro nos chama a atenção, é para o emprego do conceito de moderno pelas sociedades europeias ocidentais, que demonstram como esses intelectuais, em vários períodos, compreendiam a época em que viviam. O par antigo-moderno que a autora diz ser necessário reconhecer suas formas de constituição para recuperar os caminhos pelos quais se formou a consciência histórica do mundo ocidental, também é discutido por Jacques Le Goff no seu ensaio “Antigo/Moderno”, o qual ele se refere como “um par ocidental e ambíguo”.
O par antigo/moderno está ligado à história do Ocidente, embora possamos encontrar-lhe equivalentes noutras civilizações e noutras historiografias. Durante o período pré-industrial, do século V ao XIX, marcou o ritmo de uma oposição cultural que, no fim da Idade Média e durante as Luzes, irrompeu na ribalta da cena intelectual. A meio do século XIX transforma-se, com o aparecimento do conceito de ‘modernidade’, que constitui uma reacção ambígua da cultura à agressão do mundo industrial. Na segunda metade do século XX generaliza-se no Ocidente, ao mesmo tempo em que é introduzido noutros locais, principalmente no Terceiro Mundo, privilegiando a ideia de ‘modernização’, nascida do contacto com o Ocidente. (LeGoff, 1997)
A imagem de Bernard de Chartres cunhada no século XII: “anões sentados nos ombros de gigantes”, tornou-se paradigmática, ao longo dos séculos subsequentes, por comtemplar interpretações diversas. Para o mestre, a imagem não depreciava o tempo presente em relação ao passado, ao contrário, representava a ocupação de um lugar mais elevado, portanto, mais privilegiado e com chances de superação.
A filosofia de ensino adotada em Chartres separava pela primeira vez na Baixa Idade Média, o conhecimento em duas vertentes. Uma considerada adequada ao conhecimento das artes liberais, por valorizar a leitura de autores da Antiguidade, e outra a dos padres e as