O papel da leitura na formação do cidadão
Não consigo ver um cidadão completo, que não saiba ler e interpretar as situações que o rodeiam; em minha concepção, leitura não significa simplesmente o quê os textos nos apresentam, mas qualquer percepção que tivermos no nosso cotidiano: das conversas entre amigos, da fala do professor a nossa frente, da interpretação de um filme – o quê os personagens nos transmitem através da tela – dos homens de Deus nos púlpitos ao ministrar a Palavra aos fiéis. Alberto Manguel, escritor argentino, entende a leitura como forma de decifrar sinais, interpretar códigos e se expressa:
Eu vejo a leitura não apenas como um modo de entender textos, mas também de decifrar sinais. O ser humano é um decifrador de sinais. Nós interpretamos até mesmo códigos que não são feitos para serem lidos, como o relevo, o céu, o rosto das pessoas. (1)
Nas Cartas que o apóstolo Paulo enviava às igrejas e cidadãos da sua época – esta aos Coríntios – uma passagem em especial me chamou a atenção. Escrita há dois mil anos atrás, exortava o povo a se expressar de forma clara, dizendo que:
... se com a língua não falardes palavras bem distintas, como se entenderá o que se diz? Estareis como que falando para o ar” e acrescenta dizendo que “há infinidade de sons e contudo nenhum sem sentido, e que se não soubermos interpretar esses sons, seremos como bárbaros para o que fala assim como bárbaro para o que ouve. (1Cr 14:9-11) (2)
Nada mais atual – essa não é a realidade que vivemos?
Pesquisas mostram que a pessoa que não lê, e quando lê não consegue fazer uma análise do que leu, tem dificuldade de se relacionar, de se expressar no convívio social e profissional; torna-se pobre de vocabulário. Não foi exatamente isso que nos disse o apóstolo Paulo?
Quando nos deparamos com índices de alfabetização me pergunto: ser alfabetizado simplesmente dá ao indivíduo o pleno domínio de interpretação? Ou lhe dá conhecimentos vagos para