O orientalismo
11 de Setembro de 2001. Esse dia está fadado a entrar na História. Poderá vir a ser a primeira data a ser lembrada, talvez até relutantemente, do século XXI. Mas, com certeza jamais a humanidade ficará indiferente à sua menção.
Pode-se atribuir a essa data importância tão significativa como àquela de 1914, quando um tiro disparado em Sarajevo foi o estopim da Primeira Grande Guerra. Comparável também ao dia em que a Força Aérea Japonesa impôs pesadas perdas à Marinha norte-americana estacionada em Pearl Harbor, ou quando esses mesmos americanos devolveram esse revês, acrescido de todas as mágoas geradas pelo primeiro, e muito mais, ao detonarem dois artefatos atômicos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
A primeira data marcante do século XXI foi o momento em que a derradeira superpotência hegemônica do mundo recebeu o mais duro golpe, em seu próprio território, evento único na história contemporânea, planejado e executado com perícia por supostos membros ensandecidos de uma organização terrorista à qual foi imposta a pecha de “terroristas fundamentalistas islâmicos”.
5 Além de todos os prejuízos em vidas humanas, bens materiais, orgulho abalado, tal evento expôs uma ferida aberta no mundo civilizado. Uma ferida que insiste em recordar à Cultura Ocidental, hoje aceita ou imposta como modelo para esse mesmo mundo, que além dela própria, outras culturas, outras visões de mundo, existem e insistem em ser reconhecidas.
Essa ferida tomou o nome de Fundamentalismo. Essa palavra ecoa nos noticiários, é exposta em letras garrafais nos jornais, tornou-se tema de teses acadêmicas, mas pouco se sabe, se é que se saberá algum dia, quais suas implicações e no que modificará para sempre as vidas dos contemporâneos a esse evento. Essa palavra, e tudo o que nela está contido, tem suas raízes no passado distante, quando choques culturais eram resolvidos no retinir de lanças e espadas e quando as três maiores religiões monoteístas do mundo