O mercado e os direitos sociais
O surgimento do Estado de bem-estar social, para os dois autores, não foi um processo tranqüilo. Para Luiz Gonzaga Belluzzo, o Estado social trouxe o reconhecimento dos direitos do cidadão, isto é, sua autonomia desde o seu nascimento até sua morte, através de muitas lutas e batalhas. Para Ricardo Corrêa Coelho, este caminho não foi reto e inequívoco, e não seria de uma hora para outra que se passaria de uma ordem de livre mercado para uma outra, em que a intervenção do Estado seria constante e crescente. Para os dois autores, a partir desse modelo de Estado, o indivíduo passou a ser reconhecido como cidadão, com direitos e deveres, sendo de responsabilidade do Estado garantir esses direitos. O Estado passou a ter a função de garantir aos cidadãos o mínimo de dignidade, educação, trabalho, suprindo assim suas deficiências e promovendo o seu bem-estar. Os dois autores concordam também que seria do Estado o papel de regular o ciclo econômico e social dos brasileiros e promover o desenvolvimento nacional.
Os autores citam outro modelo de Estado, o Estado liberal, e apresentam visões diferentes a respeito deste. Para Belluzzo, no Estado liberal, o homem era responsável pelo seu sucesso ou fracasso, o que realmente importava era a moeda e o quanto o indivíduo ou o seu trabalho poderiam ou não valer para o mercado. O desemprego era confundido com vagabundagem, falta de qualificação ou má sorte. Esse autor nos passa a impressão de não concordar com essa “justiça dos mercados”. Já para Coelho, a implantação do Estado liberal foi uma mudança nas crenças da sociedade e os indivíduos passaram a ser vistos como cidadãos iguais, independentes e responsáveis pelo seu próprio sustento e destino. Para este autor, os liberais acreditavam que a pobreza era resultado da insuficiência de desenvolvimento econômico, já para o outro autor era resultado do fracasso do próprio indivíduo.
Na década de 1980, para Coelho, o modelo de Estado de