O golpe e os intelectuais
O MOVIMENTO CIVIL-MILITAR DE 1964
E OS INTELECTUAIS
JOSÉ LUÍS SANFELICE*
RESUMO : Este estudo deseja captar no movimento da história, em uma conjuntura determinada, tensões que opuseram diferentes sujeitos sociais dos anos de 1970, no Brasil. Em um dos pólos localiza-se o pensamento expresso pelos primeiros governantes do movimento civil-militar que ocuparam o aparelho de Estado em
1964. Humberto Castelo Branco, presidente da República, Flávio Suplicy de Lacerda, ministro da Educação e Cultura, e
Raymundo Moniz de Aragão, com seus pronunciamentos no V
Fórum Universitário, encarregaram-se de transmitir o pensamento do governo à sociedade. Na sequência, em curto espaço de tempo, os reflexos apareceriam no aparato legal da reforma universitária consentida. O contraponto à visão oficial encontra-se, para fins deste trabalho, em um texto da época de autoria de Florestan
Fernandes e que resultou da conferência proferida na abertura do
I F órum de Professores, realizado no Rio de Janeiro em 1968. Espera-se, analisando o conflito ideológico, alcançar uma compreensão crítica mais acurada do movimento civil-militar de 1964 e das suas relações com diferentes intelectuais.
Palavras-chave: Movimento de 1964. Reforma universitária. Intelectuais. Movimento estudantil. Florestan Fernandes.
THE 1964
CIVIL-MILITARY MOVEMENT AND THE INTELLECTUALS
ABSTRACT : This study aims to identify, within the movement of history in a given conjuncture, tensions that have opposed several social characters of the 1970s, in Brazil. The thinking expressed by the first leaders of the civil-military movement that
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Doutor em Educação e professor titular em História da Educação, na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). E-mail : sanfelice00@hotmail.com
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Cad. Cedes, Campinas, vol. 28, n. 76, p. 357-378, set./dez. 2008
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1/4/2009, 09:58
O movimento civil-militar