O garçom
Costuma-se ouvir, atualmente, justificativas para o sucesso fundamentadas na “hospitalidade”, termo que nunca antes esteve tanto em voga.
Um dos grandes responsáveis, num restaurante, a meu ver, por criar esta sinergia de conforto, é uma figura que ora o cliente quer muito perto de si, outrora não o deseja nem em baldes de ouro. Entretanto, atribuo a ele, o garçom, tal responsabilidade, uma vez que creio ser o detentor do poder de transformar nossa “refeição fora do lar” em um prazeroso momento ou, quem sabe, numa verdadeira catástrofe.
Outro dia almocei em um bistrôzinho, destes característicos do Itaim Bibi. Oséas era o hospitaleiro. Sujeitinho pacato, sem muita emoção. Serviu-me o trivial. Puxei papo, estava sozinha e carente de cinco minutinhos de prosa, mas somente cinco. Oséas respondeu-me com aquele longo e tedioso “é”. E após o longo verbo introdutório pronunciou mais meia dúzia de palavras que muito custaram formar um pensamento.
Hoje de manhã, um amigo convidou-me para um almoço neste mesmo bistrô. A resposta? “Puxa, estou com uma preguiça de encontrar o Oséas, será que não poderíamos petiscar as empadinhas do Barbosa?” Empadas que, na verdade, nem pertencem ao Barbosa, são do bar Original, indicado por este mesmo amigo em uma outra ocasião. Segundo ele, nunca havia saboreado tão boas empadinhas, graças à insistência sábia e delicada do Barbosa, o garçom, famoso por dominar, brilhantemente, a arte de vender as iguarias. Conta ainda, este meu amigo ter marcado conhecer o bar, uma happy hour, com duas amigas que se atrasaram muito. A princípio, certo de que não consumiria nada até a chegada das moças, caiu na tentação do “choppinho” oferecido duas vezes pelo Barbosa. Lá pelas tantas, quando a companhia chegou, sobre a mesa do meu amigo, já encontrava-se resquícios de duas rodadas de empadas, e,