O formalismo democrático é o suficiente?
O presente trabalho vai abordar o tema da democracia e seus desdobramentos a partir do texto : ‘Soberania popular como procedimento’ de Jurgen Habermans. Fará também o uso de conceitos desenvolvidos por alguns outros pensadores para a construção de uma linha de raciocínio e usará o caso brasileiro em paralelo para abordar a grande problemática que envolve a participação política numa sociedade complexa do período atual.
O pensamento político no século XX é predominantemente liberal, mas o pós 45 deixa como legado a ideologia global de Democracia, para ser mais preciso, o pós 45 deixa como legado o discurso global de democracia. A palavra democracia é polissêmica e esse é o maior motivo pelo qual muito se vê um regime levar o título de democrático sem que esse tenha se originado por meio de práticas democráticas ou que exerça de fato práticas democráticas em seu cotidiano político.
Cronologicamente e conceitualmente ao se pensar em democracia o primeiro modelo que vem à cabeça é o modelo grego de democracia, mas o exercício da democracia em tempos tão distintos poderia ser o mesmo? Se a conjuntura dita o modo de vida de cada sociedade é possível que um mesmo modelo de democracia seja viável a tantos contextos sociais diversos?
A premissa da democracia grega previa a isonomia, ou seja, igualdade entre todos os cidadãos, o que permitia a todos eles a participação política e o poder de manifestação na ágora, local onde as decisões políticas eram tomadas. A principal diferença desse contexto antigo para o contexto atual é que a cidadania no período clássico era um privilégio de poucos, a Grécia contava com escravos que trabalhavam para que os que tinham cidadania e instrução pudessem se dedicar à reflexão ou à questões de Estado como a Guerra, por exemplo. No contexto atual, no sentido formal ao menos, não há mais a prática de escravidão disseminada, as sociedades contemporâneas, além disso, não produzem mais de forma