O erro no processo de aquisição de linguagem
Propõe-se aqui investigar o papel da revisão de erros e da reescrita de um texto no processo de ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira (LE) a partir de pressupostos da abordagem sociocultural. Os erros, objetos desta análise, que interessarão a este estudo são os que se resultam das estratégias adotadas pelo falante em busca da produção linguística, ou seja, o erro será analisado como um processo natural e positivo do processo de aprendizagem. Entretanto, esta perspectiva de erro só foi possível com o advento dos estudos do teórico linguista Chomsky, no final da década de 50; sua complexa definição evoluiu-se com a história da linguística, entretanto, na prática atual é ainda objeto de debate e confronto entre as diversas teorias e crenças linguísticas.
Segundo Ilari e Posenti (1985, apud FIGUEIREDO, 2004) a definição mais recorrente de erro deriva da distinção entre linguagem padrão, definida pela gramática normativa, e linguagem não-padrão, ignorada ou rechaçada pela norma vigente; sendo esta última, ou seja, toda variedade linguística que não foi eleita “como exemplo de boa linguagem” (FIGUEIREDO, 2004, p. 45), considerada erro ou vício. Neste sentido, a gramática descritiva é mais moderada, pois não considera como erro as recorrências não-padrão da linguagem, mas sim “as construções que não fazem parte, de maneira sistemática, de nenhuma das variedades de uma língua” (ILARI E POSSENTI, 1985 apud FIGUEIREDO, 2004, p. 45). Há ainda a perspectiva do erro sob seu efeito na comunicação, em que segundo Figueiredo (2004) o que deve ser relevante é se a forma em que o erro aparece, seja ele padrão ou não, compromete ou não a comunicação.
Outras conceituações de erro se dão quanto à forma e/ou efeitos de sua ocorrência. Há na língua inglesa duas terminologias para erro: error (erro) e mistake (engano). O primeiro se refere às falhas cometidas por falta de conhecimento do falante, enquanto o segundo são falhas