O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
Clarissa Menezes Jordão
(UFPR)
Toda prática está embasada em alguma teoria. Alguma concepção de mundo sempre informa nossas atitudes e orienta nossas escolhas. Diante disso, é preciso estar, como os escoteiros, sempre alertas para os pressupostos que fundamentam não apenas nossas ações, mas também nossos pensamentos, nossos valores, nossos procedimentos interpretativos diante das coisas do mundo.
Assim, ao ensinar línguas estrangeiras, os professores e seus alunos adentram as salas de aula munidos de uma ou várias séries de pressupostos sobre o que seja uma língua, sobre o processo de ensino/aprendizagem daquela língua, sobre seu capital cultural no contexto social em que se insere. Tais pressupostos nem sempre encontram respaldo nas teorias desenvolvidas por lingüistas renomados, mas resultam do entrecruzamento ao mesmo tempo particular e socialmente construído que cada indivíduo realiza entre as diferentes comunidades discursivas de que faz parte. Esses entrecruzamentos, muitas vezes culturalmente determinados, são determinantes de nossas atitudes para com práticas de sala de aula e dependem tanto de nossas preferências individuais quanto de nosso condicionamento social, cultural, intelectual. Dependem de nossas filiações teóricas, de nossas predileções interpretativas, de nossas visões de mundo particulares e daquelas que partilhamos com nossas comunidades – comunidades às vezes constituídas por pessoas fisicamente presentes em nosso entorno, outras vezes espacialmente distribuídas milhares de quilômetros de distância uns dos outros, aproximadas pela Internet e pelas identidades interpretativas de que partilham.
Desse modo, é importante que estejamos prontos para identificar e desafiar constantemente nossos pressupostos e suas implicações: ao fazê-lo, podemos entender mais facilmente de onde eles vêm, como se formam e quais as suas conseqüências em termos de ações, escolhas,