O ensino da história da arte em espaços não escolares
Profª Inah Durão Cunha
Um dos trabalhos que mais me motivou, e motiva, nesses quinze anos atuando como arte-educadora foram os nove anos dedicados ao Instituto Goia, associação civil de fins não econômicos e de direito privado (ONG), ministrando a disciplina de História Geral da Arquitetura. Uma motivação diretamente proporcional ao desafio de ensinar uma disciplina teórica para jovens que pouco ou nenhum contato tiveram com a arte ou com qualquer outra forma de cultura que não a sua própria e/ou que não foram “agraciados” com uma educação formal séria que possibilitasse o acesso desses meninos e meninas aos códigos decifradores da arte.
Um dos principais projetos do Instituto Goia é a Escola Multidisciplinar Profissionalizante de Artes e Ofícios – a EMPAO, um curso preparatório de técnicos na recuperação de imóveis na cidade de Vitória oferecido para jovens a partir de 16 anos em situação de vulnerabilidade social, que esteja cursando o ensino médio e cuja renda familiar gire em torno de seiscentos reais por mês. Critérios de inscrição estabelecidos pela instituição.
Na primeira etapa de formação, são ministradas aulas de História da Arte e da Arquitetura, História da Cidade, Desenho Arquitetônico Básico, Noções de Patrimônio Histórico, Teoria e Técnica do Restauro, Sistemas Construtivos e Obras de Arte na Restauração. Concomitantemente às aulas teóricas são realizadas oficinas de pedreiro e pintura, estuque e carpintaria/marcenaria.
Cabe a mim no decorrer dessa formação teórica/prática, como dito acima, ministrar a disciplina de História da Arte e da Arquitetura para duas turmas, um mês por ano, uma aula de quatro horas por semana e cerca de 15.000 anos de história para contar em 16 horas/aula.
Ao longo desses nove anos, venho elaborando metodologias de abordagem da disciplina para um público que, em sua maioria, mal sabe lidar com a sua própria língua e desconhecem a sua própria