O DESENHO - PIAGET
O desenho é uma forma de função semiótica que se inscreve a meio-caminho entre o jogo simbólico, cujo mesmo^ prázerTuncional e cuja mesma autotelia apre senta, e a imagem mental, com a qual partilha o es forço dêTm itação do rèãl. Luquet faz do desenho um jogo. m as acontece que, mesmo em suas formas iniciais, ele não assimila qualquer coisa a qualquer coisa e per manece, como a imagem mental, mais próximo da aco modação imitativa. Com efeito, constitui ora uma pre paração, ora um a resultante desta última e, entre a imagem gráfica e a imagem interior (o “modelo in terno” de Luquet) existem inumeráveis interações, pois as duas derivam diretamente da imitação ( 34).
N os seus célebres estudos sobre o desenho infantil,
Luquet ( 35) propôs estádios e interpretações que con tinuam válidos até hoje. Antes dele, sustentavam os autores duas opiniões contrárias: uns admitiam que os primeiros desenhos de crianças são essencialmente rea listas visto que se limitam a modelos efetivos sem d e senhos de im aginação até muito tarde; outros insistiam, pelo contrário, na idealização que revelam os desenhos primitivos. Luquet parece haver liquidado definitiva mente a questão mostrando que o desenho da criança
(34) A falar verdade, a primeira forma do desenho não parece imitativa e participa ainda de um jogo puro, porém de exercício: são as garatujas a que se entrega a criança de 2 a 2 Y2 anos, quando lhe fornecem um lápis. Não demora, porém, que o sujeito cuide reconhecer formas no que garatuja sem finalidade, de tal sorte que tenta, logo depois, repetir de memória um modelo, por menos semelhante que seja a sua expressão gráfica do ponto de vista objetivo: a partir dessa intenção o desenho é, portanto, imitação e imagem.
(35) G. Luquet, Le dessin enfantin. Alcan. 1927.
57
até 8-9 anos é essencialmente realista na intenção, mas que o sujeito começa desenhando o que sabe de um personagem ou de um objeto, muito antes