O desaparecimento da infância
Apresentação
O objetivo deste trabalho é apresentar um breve panorama de como a infância foi construída pela sociedade ocidental através de sua história, como sua visão se modificou através dos tempos e quais as ações que mais contribuíram tanto para seu surgimento como para seu “desaparecimento”. Este último, objeto central de nossas observações, longe de ser um processo natural constitui-se num fenômeno sócio-cultural, moldado pelos avanços tecnológicos da humanidade e de suas repercussões nos meios social e cultural. Fundamentando as investigações nos escritos de Philippe Ariés e Neil Postman, procuramos fazer uma interlocução desses autores com os fatos percebidos no mundo contemporâneo, na tentativa de compreender algumas das causas e consequências do desaparecimento paulatino da infância em nossos dias. Desse modo, conduzimos nossas observações de maneira a comparar fatores comportamentais com a evolução dos meios de comunicação e das transformações da sociedade ocorridas através principalmente dos últimos anos, tentando estabelecer um paralelo entre uns e outros e analisando, ainda que superficialmente, o fenômeno da fusão entre os mundos adulto e infantil, com consequente desaparecimento deste último.
O desaparecimento da infância
Para compreendermos o processo de desaparecimento da infância, seu momento de desvalorização e de auge, temos de voltar no tempo para analisar mais detalhadamente este fenômeno e o alcance do próprio mundo infantil, que foi obtido tardiamente.
O contexto dos diversos períodos de formação da humanidade fornece as referências para entendimento da sua evolução e de como o processo educativo cooperou para a sua transformação.
Os registros mais antigos revelam que as sociedades desconheciam a infância ou não tentavam representá-la; o amor pelos filhos não era uma coisa óbvia. Philippe Ariés (1981), ao examinar a História social da criança e da família nos séculos XVI e XVII, fornece