O corpo dos condenados – Michael Foucault
Em seu estudo, Michel Foucault identifica a disciplina mantida nas prisões como algo a moldar os corpos dos indivíduos, enquanto processo de docilização para sujeição da vontade e controle da produção de energia individual voltado ao capitalismo. Nos dar uma clara visão dos processos de adestramentos desenvolvidos no cárcere, semelhantes em seminários, quartéis, escolas, locais em que a supressão do tempo é um forte aliado neste processo de sujeição. Identifica a aprendizagem corporativa como forma de desenvolvimento de programas bem definidos para atendimento deste estado de coisas, pautado pela dominação do sistema e pela sujeição dos seres humanos. Foucault, demonstra que as práticas disciplinares que tornam os homens domáveis, podendo denominá-los como domesticáveis, próprias da prisão, suplantam a órbita daquele meio, e tem alcance que transplanta muito além das barreiras impostas pelas muralhas correcionais, transmudando-se e constituindo-se em verdadeiras armas tecnológicas de poder, à alcançar todos os membros da sociedade onde encontra-se contextualizada.
O corpo do condenado se tornava cosia do rei, sobre a qual o soberano imprimia sua marca e deixava cair os efeitos de seu poder. O povo temeroso e reverencial a este poder enxergava neste simbolismo exponencial, o caráter e função de prevenção geral negativa da pena, serviam de testemunhas para que o suplício fosse reverenciado por todos.
Um martírio corporal que faz refletir, compreender o ser humano da época como verdadeiras massas de manobras a serviço das monarquias reinantes.
Encontramos na tortura clássica o mecanismo regulamentado de uma prova, um desafio físico que deve decidir sobre a verdade se o paciente é culpado, os sofrimentos impostos pela verdade não são injustos, mas ela é também uma prova de desculpa se ele for inocente. Sofrimento, confronto e verdade estão ligadas uns aos outros na prática da tortura,