O conflito de gerações
Este conflito gerou-se num tempo em que entre pais e filhos existia uma enorme falta de comunicação, imposta por duras regras de disciplina, etiqueta e "boa educação".
Não precisamos de ir mais longe que os princípios deste século: basta perguntar aos nossos avós se se atreviam a falar às refeições com os seus pais, se ousavam desobedecer a alguma ordem, se pensavam na hipótese de sair à noite com os amigos. A resposta é, claro, "não".
Esta falta de comunicação prolongou-se, embora sempre tendendo a diminuir, até hoje, porque os nossos pais ainda tiveram uma educação rígida (não esqueçamos o regime ditatorial em que vivíamos há 26 anos atrás). Temos que ter em conta que os nossos pais não sabiam o que era a Coca-Cola, o L.S.D., não tinham contacto com culturas novas e mais modernas. Tudo isto provocou neles uma revolta emocional ... que eles esqueceram.
Hoje, naturalmente, já falamos mais com os nossos pais, já damos opiniões, já estamos informados sobre os problemas que nos estão mais próximos; mas os pais esquecem-se que continuamos a precisar das experiências deles e dos seus conselhos. Deviam ter cultivado em nós uma vontade de comunicar e uma descontracção maior para falar dos nossos problemas que, afinal, já foram os deles. Claro que, por vezes, somos nós que não compreendemos a preocupação que têm connosco e que é própria da sua condição de pais, que faz parte do papel que desempenham na nossa vida.
É óbvio que a falta de comunicação gera o conflito ... quando queremos sair até mais tarde, comprar um CD a meio do mês, ir dormir a casa de um amigo, quando queremos discutir um assunto tabu. É aí que surgem as discussões (ou, o que ainda é pior, nunca chegam a existir), é aí que as opiniões divergem. Aqui, nem nós nem eles, compreendemos e somos compreendidos, porque crescemos em épocas diferentes,