O CONCEITO DE JOGOS DE LINGUAGEM NAS INVESTIGAÇÕES FILOSÓFICAS DE WITTGENSTEIN
O CONCEITO DE JOGOS DE LINGUAGEM NAS INVESTIGAÇÕES FILOSÓFICAS
DE WITTGENSTEIN
Mateus Cazelato Ruy (Filosofia – Universidade Estadual de Londrina)
Orientadora: Mirian Donat
Palavras-chave: jogos de linguagem; uso; pragmática
Segundo Glock (1998, p. 225), é a partir de 1930 que Wittgenstein começa a comparar sistemas axiomáticos a um jogo de xadrez. E é com os formalistas que tal analogia tem origem, pois tratavam a aritmética como um jogo praticado com símbolos matemáticos. Frege criticava tal idéia por considerar duas coisas: que a aritmética trata ou de signos ou do que os signos substituem. Entretanto, Wittgenstein descarta essa dicotomia, segundo ele a aritmética não fala sobre marcas de tinta, assim como o xadrez não é só um jogo que diz respeito a peças de madeira. O que não significa dizer que numerais ou peças de xadrez funcionem como substitutos de algo. Pelo contrário, o
“significado” de um símbolo matemático, bem como o de uma peça de xadrez, é a somatória das regras que ditam os seus “lances” possíveis. O que diferencia a matemática aplicada e a linguagem de jogo de xadrez da matemática pura é apenas sua
“aplicação”, a maneira como interagem a outras atividades.
A partir de 1932, quando Wittgenstein estende a analogia do jogo à linguagem como um todo, e não só aos sistemas axiomáticos, surge o termo “jogo de linguagem”. De início, o termo era usado, sem distinção ulterior, como um equivalente de “cálculo”. Tinha como principal função destacar as várias semelhanças entre linguagem e jogos, assim como a analogia com o cálculo delineava semelhanças entre linguagem e sistemas formais.
O ponto de partida para ambas as analogias, a do primeiro parágrafo que comparava sistemas axiomáticos a um jogo de xadrez, e a do segundo que estende a analogia à linguagem como um todo, é que a linguagem é uma atividade guiada por regras. Em primeiro lugar, bem como num jogo, a linguagem possui regras de constituição, a saber, as regras da