o capitalismo avançado e os grandes centros urbanos
Os processos de globalização que vêm ocorrendo nas últimas décadas promoveram mudanças substanciais nas relações políticas, econômicas, sociais e culturais ao redor do mundo. Embora o fenômeno seja relativamente novo e, portanto, seja temerário apostar em conclusões definitivas sobre o legado que deixará, muitas são as transformações – aparentemente sem volta – que já provocou e continua provocando. Entre estas, o vertiginoso crescimento das chamadas cidades globais e a onda de urbanização que tem caracterizado a entrada de países periféricos na “nova ordem mundial” têm sido objetos de reflexões por parte dos estudiosos.
Centros “naturais” que reúnem as condições para o exercício das funções “nobres” do capitalismo avançado, as grandes metrópoles formam uma rede de coordenação da economia. São, por isso, os lugares que apresentam todas as características e contradições do mundo globalizado atual. É nessas cidades, por exemplo, que se pode observar com bastante clareza a divisão entre pobres e ricos; profissionais especializados que desfrutam as sempre crescentes oportunidades de trabalho, de um lado, e, de outro, trabalhadores braçais que representam mão de obra barata para os grandes conglomerados transnacionais. Além, é claro, daqueles totalmente excluídos, atualmente chamados nos EUA e na Europa de underclass, ou seja, os definitivamente fora do sistema de classes1.
Tal divisão se faz notar no próprio traçado urbano. Enquanto os bairros centrais são dotados de boa infraestrutura, com projetos de urbanização sofisticados, serviços de toda ordem e oferta de lazer e cultura, a periferia se debate no esquecimento, sem serviços de água ou esgoto, sem oportunidades de cultura, lazer e entretenimento. Também no plano simbólico se depreende a maneira como os processos de globalização têm marcado as cidades contemporâneas. Os fluxos migratórios intensificados nas últimas décadas determinaram a convivência de