O Brasil de Montaigne
Um mundo em movimento: as navegações e o processo de colonização das Américas romperam com a noção de mundo fechado que reinava na Europa medieval.
Uma alteridade inédita e impossível de apreender – o uso por Montaigne de mitos e descrições de terras exóticas como ferramenta retórica a partir da qual representa-se o real por aproximações.
Experiência brasileira em Montaigne – por meio de testemunhos e objetos.
“A declamaçãose define por sua completa liberdade, o que faz dela o instrumento privilegiadopara uma reflexão moral sem preconceitos. Seu ponto de vistaé móvel, a identidade do locutor, sempre fugaz.”
Montaigne observa que a sociedade dos nativos das Américas indicam a possibilidade real da efetivação prática da República de Platão.
A declamação tornou-se o estilo por excelência da expressão escrita do Renascimento; a loucura, de Erasmo, uma declamação, onde ela aparece de forma brande e crítica, tal como a idéia de selvagem que Montaigne desenvolve em suas declamações.
La Pazzia – escrito italiano anônimo surgido entre o Elogio à Loucura de Erasmo e Dos Canibais de Montaigne, falando dos nativos das Américas. Demonstra uma crítica aos ideais de sociedade expostos por Platão, mostrando que tal projeto não dependia do poder reservado aos filósofos.
Heterologia – o discurso do outro; a indignação à situação de humilhação em que os colonizadores submetem os nativos das Américas. O que eles diriam? – trata-se de um discurso presente no formato da declamação, onde:
A heterologia provê um espaço intermediário, um palco reversível, em que a última palavra não pertence necessariamente ao sujeito primeiro do discurso, e a crítica não poupa o enunciador, ele mesmo atingido por ricochete. Ora, a declamação é, em essência, uma heterologia. Ocupa um intervalo, fabrica um afastamento, em que o risco do efeito bumerangue da palavra livre é plenamente assumido.
Aparece também a correlação entre a questão