O argumento ontológico de anselmo
Em linhas gerais, entende-se por argumento ontológico qualquer modalidade de argumento que se propõe a defender a existência de Deus, alegando que ele é um ser dotado de perfeição e que, em vista disso, deve existir. Os argumentos dessa natureza caracterizam-se por serem destituídos de comprovações empíricas. Geralmente, apresentam como ponto de partida uma definição acerca do que seria Deus e, a partir daí, delineiam um percurso que desemboca na constatação de que a sua existência é real e necessária. O presente trabalho objetiva analisar, criticamente, o argumento antológico formulado por Anselmo. Para tanto, pretendemos desenvolver dois eixos de abordagem. No primeiro, intenta-se traçar uma exposição descritiva do argumento elaborado pelo pensador em questão. Sequencialmente, no segundo tópico de desenvolvimento, focaremos nossos esforços no estabelecimento de uma apreciação crítica das questões apresentadas na primeira seção.
I. O argumento para a prova da existência de Deus elaborado por Anselmo ficou conhecido pelos escolásticos como “Ratio Anselmi”. De acordo com o pensamento do filósofo em destaque, Deus é entendido como algo do qual nada maior pode ser pensado. Dentro dessa perspectiva, a partir do instante em que compreendemos o que é Deus, o próprio passa a existir em nosso pensamento. No entanto, cabe frisar que, para Anselmo, Deus não existe apenas no plano dos pensamentos, ou seja: ele também é real. Segundo o autor, uma vez que um ser existe no plano da realidade ele é necessariamente maior do que um ser que existe somente no plano do pensamento. Portanto, não seria possível pensar Deus como algo que existe somente no plano das ideais, pois, nesse caso, ele seria menor que qualquer ser que existe no plano da realidade. Conforme enfatiza Anselmo, não é possível conceber algo maior do que aquilo que é considerado maior do que todas as coisas. Em vista disso, diz o autor, Deus não poderia existir somente em