O adamastor Lusiadas
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Porém já cinco Sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca d'outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ua noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece. -Nesta estância podemos concluir que a viagem já dura á alguns dias e que tem estado próspera até uma nuvem surgir por cima das cabeças dos navegadores.
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Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
- «Ó Potestade (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?»
-A nuvem que surgiu vinha tão escura que os navegantes ficaram com medo e receosos, o mar, ao longe, começou a fazer ruido e a bater nos rochedos. Vasco da Gama, atemorizado, lança a voz á tempestade perguntando o que seria aquela escuridão e o cenário aterrador fará a imagem do gigante que se torna ainda mais terrível e aterradora.
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Não acabava, quando ua figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos. -Vasco da Gama não havia terminado de falar quando surgiu uma figura enorme. Segue-se a descrição do Adamastor: de rosto fechado, de olhos encovados, de postura má, de cabelos crespos e cheios de terra, de boca negra e de dentes amarelos.
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«Tão grande era de membros que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo! -O gigante coma sua voz horrível fez arrepiar os cabelos