Aquisição da Linguagem – Uma Introdução
Introdução:
A expressão aquisição da linguagem remete, modernamente, a dois significados interrelacionados, mas distintos. Por um lado, pode referir-se ao fenômeno no qual uma criança, partindo de um estado inicial em que desconhece uma língua, atinge, aparentemente sem maior esforço, em prazo relativamente curto e tendo como informação primária somente os enunciados linguísticos à sua volta, um estado final em que é capaz de produzir e compreender sentenças de uma dada língua, comunicando-se e interagindo por meio desta com os demais membros de sua comunidade linguística. O fenômeno da aquisição, assim, define-se como um objeto de conhecimento. De outro lado, pode nomear o estudo sistemático que se faz sobre esse fenômeno, referindo-se aos métodos e teorias elaboradas com vistas a elucidar as questões concernentes ao surgimento e desenvolvimento da linguagem nos seres humanos, constituindo dessa forma uma disciplina científica, um campo do conhecimento. Da aparente facilidade com que a criança sai de um estado inicial em que não conhece uma língua para um estado final em que domina um sistema complexo e intrincado como o é a linguagem humana, pode erradamente deduzir-se que a aquisição da linguagem é algo tão trivial e banal quanto o é chorar ao nascer, e que isso tornaria inviável a constituição de um ramo do conhecimento voltado exclusivamente ao estudo desse fenômeno. Em realidade, nada mais falso – a aquisição da linguagem é um dos mais enigmáticos e intrigantes fenômenos da natureza humana, com boa parte das questões por ele suscitadas ainda aguardando tanto formulação precisa quanto resposta definitiva. E é essa dificuldade em se responder às indagações despertadas pela aquisição da linguagem que justifica o uso da expressão aquisição da linguagem no segundo sentido acima aludido. Se há, portanto, duas acepções para a expressão aquisição da linguagem, cumpre analisar ambas as significações, em separado e com