A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER COMO QUESTÃO DE GÊNERO A PARTIR DA PERSPECTIVA DAS AGREDIDAS
GT 2: Uso da categoria gênero nas ciências humanas
Autor:Yashmin Michelle Ribeiro De Araujo1
Co-autor: Maria das Graças Almeida Valente2
O seio familiar é o ambiente em que precipuamente as brasileiras são agredidas, legitimando os princípios da educação sexista e as raízes socioculturais de opressão-dominação de um sexo sobre o outro, que justificam, historicamente, atos violentos sobre as “oprimidas”. Assim aponta, Guedes et al. (2007, p. 363), ao afirmar que a violência contra as mulheres ocorre principalmente em casa, sendo exercida por seus parceiros ou pessoas com quem estabelecem relações afetivas ou íntimas e o Mapa da Violência (2012, p. 7), entre outros, que mostra que a proporção de mulheres agredidas em casa é de 40%.
O presente trabalho vem à lume pela necessidade de conhecer, pelos discursos das mulheres agredidas, como compreendem e justificam os atos violentos praticados dentro de suas casas por seus agressores. Para tanto, além de entrevista semi-estruturada com duas mulheres que referiram sofrer violência em ambiente doméstico por seus companheiros, realizamos pesquisa documental e bibliográfica. Apropriamo-nos das considerações de Frota; Santos (2012), Guedes et al. (2007), Lourenço (2012), Osterne (2008), Saffioti (1987; 2004), Santos; Izumino (2012), entre outros autores, a fim de compreender a relação existente entre violência doméstica e a categoria de gênero.
Acredita-se que o gérmen da violência doméstica e familiar contra a mulher esteja na questão de gênero. Esta se refere, em síntese, às formas criadas por cada cultura para cada sexo, definindo papeis e status diferentes. Nesse processo, o gênero feminino foi segregado à inferioridade, conforme Gregori (1993), Osterne (2008), Saffioti (1987; 2004), Frota (2011), materializando-se numa variedade de restrições e desigualdades.
A violência de gênero aparece, assim, como uma