A vida no sertao
O Nordeste brasileiro é uma região tropical semi-árida com verões secos e quentes; no período invernoso, quando não caem chuvas torrenciais, é atingido por secas rigorosas durante anos sucessivos.
Possui uma população marcada pelo sincretismo cultural originado da fusão das culturas dos vários grupos que a constituíram: nativos indígenas, colonizadores portugueses e africanos trazidos como escravos. Sua população é, sobretudo, rural, pobre, muitas vezes analfabeta e marcada pela mobilidade — no passado, em função dos ciclos de produção do pau-brasil, açúcar, ouro, café; no presente, pela falta de uma política agrária que fixe o homem à terra.
Essa situação tem-se agravado com as secas cíclicas e as condições climáticas adversas, que provocam constantes migrações e geram uma mistura de traços culturais onde coabitam os temas indígenas, os hábitos regionais e as novidades veiculadas por intermédio da televisão.
A sociedade sertaneja é uma sociedade dispersa em função de várias razões: o forte calor, a variedade das origens étnicas e a influência dos diversos grupos de clientelismo. Dividida pela geografia, isola-se em pequenos grupos. As famílias vivem em comunidades de vizinhanças e compadrios e, no mais das vezes, praticam uma agricultura de subsistência.
Para minimizar a dureza de suas existências, a vida social é redimensionada e dinamizada quando da ocasião das festas religiosas ou das peregrinações periódicas que o povo sertanejo realiza aos santuários consagrados a seus santos protetores.
A fazenda constitui um microuniverso onde coabitam o patrão, em sua casa grande, os empregados, em habitações rudimentares, e os animais. Este conjunto forma uma pequena sociedade onde as relações são marcadas por uma forte hierarquia.
Da carnaúba, retira-se o madeiramento. Com suas folhas, cobrem-se os tetos das casas e confeccionam-se chapéus, cestas e brinquedos. Os espinhos do mandacaru ajudam a sertaneja a tecer