A roça no Sertão
ATO 1 – A SECA DO SERTÃO
NARRADOR: “Ser tão meu, ser tão seu, ser tão nosso. Ser tão forte, ser tão sofrido, ser tão simples, ser tão grande...”.
SERTÃO...
Lugar palco das mais tristes e duras historias, que carrega consigo um povo marcado pela dor, povo cheio de sonhos e esperanças, povo de fé, que acredita que a vida renascerá nas terras secas do seu lugar... Povo insistente, persistente, perseverante... Terra de muitos Joões, Marias, Antônios, Aparecidas, Severinos... Pessoas simples que tem suas historias enraizadas nesse lugar, historias essas, que se misturam por serem, particularmente, tão parecidas.
Sendo assim, conheceremos hoje uma historia parecida com todas as outras, simples e sofrida, mas que nos fará ter a certeza de que “O sertanejo é antes de tudo um forte”.
(o cenário é uma roça aparentemente pobre, casa, solo rachado, plantas secas... )
Entra Severino (Musica instrumental)
SEVERINO: Boa tarde!
”O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar
Severino de Maria”.
Vivo aqui no sertão desde que me entendo de gente. Sou devoto de padre Ciço Romão. Vivo aqui só! Minha família uns morrerão de morte morrida, outros foram embora pro sul, eu escolhi ficar por aqui, mesmo a vida na roça não sendo fácil, Aprendi com a dor que nós tem que ser forte e não desacreditar que tudo pode melhorar. Mas, confesso que já não tenho mais tanta fé assim... Essa maldita seca anda castigando nós a muito tempo... Ainda me lembro de quando isso aqui era tudo verde, plantávamos e colhíamos nossos alimentos, dava pra tirar um dinheirinho na feira e assim seguir a vida... mas, hoje não nasce mais nada nessa terra seca, os bicho tudo morrendo, falta agua inté pra cozinhar... Não sei por que tanto sofrimento...
(sai de cabeça baixa)
NARRADOR:
Como em dores de parto