O sertão em dois romances brasileiros
Resumo
Com o presente, busca-se discutir, na vertente regionalista, duas obras da literatura brasileira, uma pertencente ao cânone nacional, a citar, Vidas secas, de Graciliano Ramos, e outra conhecida apenas regionalmente, a citar, Era um poaieiro, de Alfredo Marien. O enfoque desta pesquisa é verificar como se configura a representação do espaço do sertão, que faz surgir regionalismos diferentes entre as décadas de 30 e 40 do século XX, apesar do cânone nacional apresentar um sertão associado mais a determinadas regiões brasileiras do que a outras. Para o estudo, utilizaremos as personagens Fabiano, protagonista do romance Vidas Secas (1938), e Brasilino, de Era um poaieiro (1944), focalizando principalmente como o sertão é apresentado ao leitor, a partir dessas personagens, bem como do narrador, observando como este espaço contribui para a formação dessas personagens, a partir dos limites geográficos, um numa paisagem seca e sem vida, outro numa floresta exuberante e muito viva, porém sempre situando-os em seus contextos, com lugar e tempo definidos, ligando suas vidas a esse lugar específico e tentando mostrar como esse lugar influenciará no modo como as personagens se veem e se mostram ao leitor.
INTRODUÇÃO
Várias narrativas da literatura brasileira apresentam enredos com a predominância de determinados espaços. Grosso modo, se resumem a regiões desérticas, secas, cangaço, garimpo, Nordeste brasileiro, etc. Na tradição cultural brasileira, esse espaço ficou conhecido como sertão. É no Romantismo, com o nacionalismo e o desejo de construção da “literatura nacional”, que os escritores, em suas obras, se preocuparam em representar determinados espaços, temas e tipos característicos de certas regiões, especialmente as rurais, contrastando com os costumes e valores citadinos. Essa tendência levará a criação dos romances regionalistas. Na década de 1930, com um romance caracterizado pela denúncia social da