A universidade ainda forma empregados
Renato Bernhoeft - Valor Econômico,
Continua sendo algo raro um empreendedor que tenha cursado, ou concluído, um curso superior. E isto não apenas no Brasil. Bill Gates que o diga. A maioria dos cursos de nível acadêmico – administração de empresas especialmente – não estimulam o desenvolvimento do espírito empreendedor. Muito ao contrário, o inibem com a complexidade de análises de viabilidade exigidas que terminam inviabilizando qualquer sonho ou aspiração de pessoas independentes.
Neste poder de "castração" da livre iniciativa a escola só perde para a estrutura familiar que continua educando seus filhos para o modelo do emprego convencional. Exemplo disto são pais que ainda orientam seus filhos para "conseguir um bom emprego numa grande empresa, de preferência multinacional".
E este fenômeno é mais comum na classe média, que se acostumou com a falsa idéia da segurança e "status" do vínculo empregatício que assegure um rendimento no final do mês. Mesmo que esta pessoa passe a vida insatisfeita. Valoriza-se uma pseudo-segurança em detrimento da realização pessoal e profissional.
Vale registrar reportagem recente de uma revista de circulação nacional que realizou entrevistas com um seleto grupo de alunos egresso do curso de graduação da mais renomada escola de administração do país. Perguntados sobre seus planos, mais de 90% colocou como máxima ambição conseguir um bom emprego numa grande empresa. Exceções foram os alunos – e boa parte do sexo feminino – que declararam seu interesse em criar seu próprio negócio no curto ou médio prazos.
É difícil compreender como frente a todos os desafios e mudanças atuais do mercado de trabalho a escola ainda não tenha compreendido que seu papel não é preparar pessoas apenas para serem empregados. Mas criar outras alternativas que fujam do convencional e ajustem-se com a rapidez que ao mercado exige.
É digna de registro a iniciativa da Universidade de Harvard