A Tragedia da Rua das Flores
O romance póstumo de Eça de Queirós – mantido “na gaveta” durante décadas quer pela delicadeza do tema tratado – um incesto entre mãe e filho, facto que chocaria de sobremaneira a sociedade portuguesa -, quer pela crueza das situações e realismo com que dotou algumas das principais personagens fazem deste romance um dos mais vanguardistas da época.
Resumo:
A Tragédia é a história de um amor fatal, é "o estudo psicológico de uma paixão mórbida, das suas causas remotas e das suas consequências trágicas". Joaquina da Ega (que mais tarde se virá a saber chamar-se Genoveva), natural da Guarda, casada com Pedro da Ega, vivia em Lisboa. Mas, logo após o nascimento do filho, abandona este e o marido para fugir com um emigrado espanhol. Em Espanha, torna-se cortesã. Entretanto, Pedro da Ega morre em Angola. Joaquina casa-se depois com M. de Molineux, um velho senador, com quem vive em Paris. Mas a queda do bonapartismo, trazem-na de volta a Portugal, agora com Gomes, um brasileiro, já que o senador havia falecido. Faz-se, então, passar por M. de Molineux. Em Lisboa, instala-se na Rua das Flores. Logo se envolve com Dâmaso de Mavião, a quem irá explorar sem piedade. No entanto, apaixona-se por Vítor, um jovem de 23 anos, bacharel em Direito. Quando faz 40 anos repele Dâmaso, planeando voltar para Paris com Vítor. O tio de Vítor, Timóteo, o único detentor da trágica verdade, tenta acabar com a relação dos dois. Decide, então, contar toda a verdade a Genoveva. Ao saber que era amante do seu próprio filho, Genoveva atira-se da varanda de sua casa, na presença de Vítor, que nunca chegaria a perceber tal atitude nem a saber a verdade.
Análise:
A Tragédia pretende criticar sobretudo a ganância da sociedade, do adultério. Pretende ser um estudo dos costumes da sociedade lisboeta, tipificada aqui pelos burgueses que vivem de rendas, como Dâmaso; os advogados ociosos, representados por Vítor; os juízes reformados, de que é exemplo o tio Timóteo,