DO TEXTO À CENA: ELEMENTOS DO TRÁGICO EM ROMEU E JULIETA DO GRUPO GALPÃO
JULIETA DO GRUPO GALPÃO
Introdução
O Grupo Galpão é uma das companhias teatrais mais importantes do Brasil. Criado em 1982 em Belo Horizonte, desenvolve um teatro que alia rigor, pesquisa, busca de linguagem, com montagem de peças que possuem grande poder de comunicação com o público. A companhia, que se caracteriza pela pesquisa da cultura popular, especialmente a mineira, tem suas raízes no teatro de rua, local que possibilitou sua consagração não só em âmbito nacional, mas também internacionalmente, através de suas montagens democráticas e sensíveis.
Acumulando participações em grandes festivais e premiações importantes, um dos seus espetáculos destaca-se por sua conquista única: com sua montagem de Romeu e Julieta, o clássico teatral de Shakespeare adaptado para o teatro de rua, possibilitou a trupe ser o único grupo brasileiro a se apresentar no “GlobeTheather” em Londres, berço do teatro elisabetano.
A encenação realizada pelo grupo impressionou por sua capacidade de transformar o ambiente shakespeariano do texto original, inserindo vários elementos típicos da cultura popular mineira, entretanto, sem perder a universalidade encontrada em Shakespeare. Os castelos de Verona transformaram-se numa Veraneio enfeitada com flores, o vestuário da Renascença ganhou ares circenses, serestas e cantigas mineiras compuseram a trilha sonora, elementos tipicamente barrocos elaboraram cenário e figurino, realizando uma verdadeira transposição cultural em sua montagem.
O presente trabalho pretende realizar uma análise comparativa entre o texto dramático Romeu e Julieta de William Shakespeare, e sua encenação realizada pelo Grupo Galpão. São colocadas em questão nessa pesquisa as relações entre texto e encenação, além de comparações que envolvem contextos e tempos diferentes, ou seja, o local e o universal. Tomando como fio condutor os escritos