Deverá haver dois estádios de eleição?

Seminário de Política J.S. MILL – Governo Representativo Capítulo IX – ''Deverá haver dois estádios de eleição?''

Mill aponta em primeiro instante que existem algumas instituições representativas que adotam um processo duplo na eleição. Esse processo vai se seguir da seguinte forma: os eleitores primários escolhem outros eleitores e estes, por sua vez, elegem os membros do Parlamento. Essa intermediação no plano eleitoral filtraria o poder popular de voto, pois ao mesmo tempo que se concede poder de voto à muitos, a atuação direta se reduz a poucos, que por sua vez, os julgam com maior caráter e intelecto dos demais (excede o nível comum dos eleitores), ou seja, com maior sabedoria e cuidado para fazer uma escolha de escala tão importante, que seria a escolha de seus representantes. Portanto, seria mais plausível os eleitores escolherem o seu intermediário para então, estes com maior grau de intelecto fazerem boas escolhas para o conjunto, o todo.

Com o poder popular diminuído por esse motivo, logo, os benefícios para estes, iriam se reduzir. Para que esse sistema funcione em harmonia, Mill diz que os eleitores tem de se preocupar com e apenas a escolha de uma pessoa de confiança para votar por eles (quem eles gostariam mais que escolhessem em seu lugar) e não pensar diretamente em quem eles desejam no Parlamento. O autor com essa informação aponta que assim, os eleitores perdem o espírito público e a inteligência política. No entanto, nesse ponto há uma divergência pois existem eleitores que não tem interesse no resultado final da eleição, então é de fato mais propício que se escolha uma pessoa mais digna para eleger (com o grau de cultura mais elevado) à seu próprio julgamento, no caso, elas merecem poder político direto. Entretanto, se a massa dos eleitores se interesse pelo processo e pelos assuntos políticos, ficariam pouco contentes com esse tipo de organização.

Tendo em vista essas considerações, o autor opina