rio e as olimpiadas
Urbanistas: plano urbano do RJ não pode ser refém de megaeventos
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, já chamou a Olimpíada de 2016 de uma "desculpa fantástica" para fazer mudanças urbanísticas necessárias à cidade. Mas, para dois especialistas estrangeiros, os megaeventos estão pautando excessivamente as mudanças urbanas do Rio, numa espécie de distorção: em vez de Olimpíada e Copa ajudarem a cidade a alcançar um plano urbanístico de por exemplo, 50 anos, a cidade é que está se adequando para acomodar os eventos esportivos.
No livro Planning Olympic Legacies, lançado neste ano, a arquiteta alemã Eva Kassens-Noor analisa o legado urbanístico de cidades-sede de Olimpíadas e diz que o Rio "está sendo guiado pela demanda de megaeventos", desde a conferência Eco-92, passando pelos Jogos Panamericanos de 2007, a Rio+20, a Copa e Rio-2016, em vez de por um planejamento focado nos habitantes.
Para o geógrafo americano Christopher Thomas Gaffney, professor visitante de pós-graduação da Universidade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, pesquisador e que serviu de consultor para o livro de Noor, o perigo é que "o projeto de cidade seja sempre para vender o Rio para outros interesses".
Gaffney, que mora no Rio há três anos, questiona o que ditará o planejamento após 2016. "O que pode ser maior que uma Olimpíada? Essas mudanças deveriam ser parte de m planejamento de longo prazo. A cidade está sendo construída para os outros usarem, e esse modelo tem de mudar", afirma à BBC Brasil por telefone.
Mapeamento
Noor, que é professora-assistente de planejamento urbano e transporte na Universidade Estadual do Michigan (EUA), faz a ressalva de que o capítulo de seu livro dedicado ao Rio ainda está em andamento para futuras edições, mas diz à reportagem que o ideal é "mapear onde quero que a minha cidade esteja nas próximas décadas, e daí ver como os megaeventos podem contribuir com essa visão", em vez de