Tempo de matar
O filme “Tempo de Matar” é baseado na obra de mesmo nome do escritor norte-americano John Grisham e narra à história de uma criança negra de dez anos de idade que é estuprada e espancada brutalmente por dois homens brancos. O pai da criança, Carl Lee Hailey, prevendo a impunidade dos dois homens, resolve “fazer justiça com as próprias mãos”, matando os agressores de sua filha em pleno tribunal e na presença de várias testemunhas. O filme é ambientado na cidade de Canton, no Mississipi (sul dos Estados Unidos da América), região tradicionalmente racista e, para piorar o cenário, a Klu Klux Klan local ganha força novamente, perseguindo os advogados de defesa. O advogado de Hailey, o branco Jake Brigance, é obrigado a defender seu cliente (que é negro) perante um júri composto totalmente por brancos (assim como as vítimas) sem mencionar a razão que fez aquele cometer o duplo homicídio, pois o juiz impossibilita tal argumentação, justificando que o julgamento é de assassinato e não de estupro. Em um julgamento que parece caminhar para uma decisão parcial, destacam-se os argumentos apresentados tanto pela acusação quanto pela defesa.
Têm-se, então, mais um dos chamados “filmes de júri” do cinema norte-americano, sendo nele abordadas questões como técnicas argumentativa, direito positivas X direito natural, direito X moral etc.
O tribunal do júri
O Tribunal do júri no direito norte-americano é competente para julgar todo e qualquer crime, sendo composto por 12 jurados, escolhidos em comum acordo pela acusação e defesa, após um processo de inquirição que tem por finalidade a seleção dos moralmente idôneos para a função. O processo é instruído diretamente perante os jurados (não há uma fase preliminar de obtenção de elementos probatórios), sendo de responsabilidade direta das partes a produção de provas (contratação de peritos etc.). O interrogatório do réu e a inquirição das testemunhas são realizados diretamente pelas partes, sem a intervenção