A sociedade contra o estado
Resenha: Sistemas políticos da alta Birmânia (Capítulos I e II)1 Edmund R. Leach O prefácio apresentado pelo professor Firth demonstra forte respeito e admiração por Leach e apresenta a teoria “dinâmica” de Leach, onde considera-se que, no geral, decisões pessoais que são tomadas quando em sociedade objetivam algo maior, considerado como poder, idealmente um cargo ou facilidades para acesso a um cargo. A teoria, conforme Firth, realiza forte crítica a antropologia social britânica, pois discorda de teorias anteriores, apresentadas por outros estudiosos e afirma que tal busca por poder é característica básica e fundamental da sociedade. A crítica realizada se opõe ao idealismo anterior de que sociedades são “estaticamente equilibradas e integradas”, para Leach tal aparência (de equilíbrio) é puramente fictícia e ilusória. Leach afirma que a sociedade pode ser observada como um organismo (referindo-se a Radcliffe-Brown e seus alunos), porém ela não é um organismo, alega ainda ser válido, desejado e proveitoso realizar a análise de determinada tribo em comparação de sua antítese, no caso, uma segunda tribo. Leach realiza crítica à sustentação da idéia de ‘encaixe’ de sociedades em modelos convencionais de organização social e defesa de eterna permanência no estado observado. Argumenta ainda a preferência de boa parte dos antropólogos ingleses por sociedades que sejam representações ideais de seus conceitos. Adverte que os autores não explicam a sociedade, utilizam-na para explicar a teoria, e pior, considerando o recorte da sociedade observado como se fosse a exemplificação de todo o sempre para aquela sociedade. O autor inicia sua obra informando que as informações etnográficas que o livro pode por ventura conter são, em sua maioria reincidentes, de obra de autores anteriores. A função do livro e seu objetivo é explicar uma nova teoria, e não produzir uma nova etnografia. A primeira observação do autor é de que Kachins e Chans,