A República de Platão V.3
O mesmo se repete nas passagens que falam sobre o riso descontrolado, a mentira, a exacerbação do Eros, o luxo, o suborno e outros vícios. Ou seja, Platão procura a matéria perfeita da poesia, das fábulas e mitos a custo da história. Os deuses e heróis devem se comportar no agir virtuosamente para que “não produzam na juventude uma forte predisposição para os atos maus”[1], pois “ o que os poetas bem como os prosadores nos contam a respeito dos seres humanos é ruim. Dizem eles que muitos indivíduos injustos são felizes e muitos justos são infelizes, que a injustiça é vantajosa se não for descoberta e que a justiça é o beneficio alheio, mas também o prejuízo próprio”[2]. Aqui se encerra essa primeira parte quanto à matéria, sendo o próximo tema sobre a forma da poesia agora.
Há diferentes tipos de relatos poéticos. Existe a maneira direta, onde o narrador não se confunde com o personagem; a maneira representativa, onde o narrador produz suas narrativas por meio da imitação, ou seja, “quando ele compõe um discurso como se ele fosse outra pessoa (…) diríamos que está tornando seu próprio estilo o mais semelhante possível daquele da pessoa a quem concede a palavra”[3]; e a terceira maneira é quando se imita certas coisas e não outras.
A imitação forma “hábitos no que tange aos gestos corporais, a voz e o pensamento”[4]. Então, quando se apresentar na narração um personagem que seja um escravo ou uma mulher; alguém