a exibição das palavras
A exibição das palavras
Denis Guénoun
No livro A exibição das palavras, Denis Guénoun propõe discutir teatro articulando estética, história e política. No primeiro capítulo, o autor destaca que nenhum tipo de arte dispensa o público, mas que o teatro o requer, efetivamente reunido, pois essa é a forma que determina sua apresentação. Para ele essa “assembleia de espectadores”, esse “ajuntamento”, essa reunião de indivíduos que se aproximam publicamente, define o teatro como uma atividade intrinsecamente política, independente do que é mostrado ou debatido. Guenóun afirma que a primeira instância política que ordena o teatro é a arquitetura e faz um percurso pela história da transformação dos espaços de representação, inicialmente constituídos como espaços circulares, para a forma retangular. Essa transformação arquitetural e o achatamento do círculo, ao longo do tempo, na tentativa de proporcionar a todos a oportunidade de ver, interferiram na estética da linguagem teatral, e no afastamento da plateia dos aspectos políticos, pois quando os espectadores não se veem também não se reconhecem como grupo. A circularidade permite que o público se fale, delibere. Guenóun afirma que no teatro, jamais é possível o prazer solitário. Para ele, estas transformações no espaço de representação é como escurecer/silenciar a plateia e iluminar o palco. No segundo capítulo, o autor afirma que as palavras escritas no texto de teatro, além de serem uma transcrição visual da linguagem, “pertencem originariamente ao universo sonoro”. Estas palavras não são vistas, são ouvidas; “as palavras são som e sentido: duplamente imostráveis” (GUÉNOUN, 2003). Para ele a função do teatro é justamente o de exibir as palavras, de colocá-las a mostra, já que estas se encontram no terreno do invisível, apesar de serem lidas quando representadas graficamente no papel, no entanto, uma encenação “não é a representação diante do público de grandes configurações gráficas” (GUÉNOUN, 2003). O