Especialista
José Silva Ramos Filho1
RESUMO: NA República, Platão desenvolve uma distinção entre conhecimento e opinião. Seu argumento é desenvolvido nos livros V-VII e sustenta que o conhecimento de determinado objeto está relacionado com o conhecimento das propriedades essenciais do objeto e esta concepção epistemológica exclui a possibilidade do erro em relação à definição do objeto cognoscível. Platão esclarece que, quem conhece, conhece o “que é” e este essencialismo constitui o ponto central de sua noção de ciência, ou seja, no sentido estrito daquilo que o filósofo deve considerar enquanto conhecimento pleno; portanto, para Platão, o entendimento do “que é” reporta-se à ideia de um conhecimento absoluto. O conhecimento em Platão é um conceito que se diferencia da opinião verdadeira em termos de justificação, sobretudo se contrapõe aos estados mentais que serão nomeados “ignorância” e “opinião falsa”. Podemos considerar que, para Platão, o conhecimento somente é possível através das coisas que sempre permanecem as mesmas tais como são e nunca mudam. Esta noção de conhecimento em Platão é de suma relevância, uma vez que com ela o filósofo pôde avançar na teoria do conhecimento que herdara do socratismo e das discussões eleatas. Existirá uma ordem das razões segundo a qual Platão justifica a dicotomia entre opinião e conhecimento? Este estudo pretender demonstrar que essa dicotomia não é uma relação entre, de um lado, um objeto desconhecido e, de outro, um nível de conhecimento pleno, mas é uma tese sobre as exigências formais das noções que operam no conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: IGNORÂNCIA. OPINIÃO. CONHECIMENTO.
1. INTRODUÇÃO
O problema epistemológico delimitado nos livros V, VI e VII da República, sugere o modelo que Platão desenvolveu com vistas a determinada estrutura das faculdades do conhecimento e suas operações: a partir de formas estáveis de