a Pele que Habito
Dirigido por Pedro Almodóvar. Com: Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes, Jan Cornet, Roberto Álamo, Eduard Fernández, José Luis Gómez, Blanca Suárez, Susi Sánchez, Bárbara Lennie.
Recentemente, ao discutir a carreira de Oliver Stone em uma entrevista, comentei que sempre espero grandes coisas de grandes diretores – mesmo quando estes se encontram em baixa. Pois esta fé em cineastas talentosos se renovou ao assistir a A Pele que Habito, comandado por Almodóvar depois do pavoroso tropeço Abraços Partidos, que listei como um dos dez piores filmes de 2009. Mistura estranhamente eficaz de Frankenstein, Um Corpo que Cai e A Centopeia Humana, o novo trabalho do espanhol é estranho, incômodo e novelesco em certos momentos, conseguindo ao final provocar reflexões instigantes sobre sexualidade e sobre aquilo que nos define como indivíduos.
Vivido por Antonio Banderas, que volta a trabalhar com Almodóvar depois de inacreditáveis 20 anos, o cirurgião plástico Robert Ledgard é um homem bem sucedido profissionalmente que, tendo participado de “três dos nove transplantes faciais realizados no mundo”, vem desenvolvendo uma pele artificial que não só poderá corrigir deformidades como ainda se mostra resistente ao fogo e a picadas de insetos. No entanto, se a vida pública do sujeito é impecável, a particular é repleta de tragédias pessoais – e mesmo suas pesquisas acabam sendo possíveis apenas porque ele mantém uma belíssima mulher, Vera (Anaya), em cativeiro, aparentemente usando-a como cobaia de seus experimentos. Mas qual é a relação exata entre Robert e Vera? E como isto se liga ao passado de ambos?
Escrito por Almodóvar e seu irmão Agustín a partir do livro “Tarântula”, de Thierry Jonquet, A Pele que Habito constrói sua história a partir desta incerteza acerca das motivações e dos relacionamentos entre os personagens – algo que o diretor apimenta com pequenas revelações que, a rigor, nada têm a ver com a trama principal e que poderiam