A pele que habito

1212 palavras 5 páginas
A pele que habito:Se no texto sobre Melancolia (Melancholia, 2011) falávamos do furor causado pela figura de Lars Von Trier em Cannes (que conseguiu a proeza de sair daqui como persona non grata), a presença de Almodóvar não faz menos barulho, ainda que de forma bastante mais inofensiva. É impressionante sua horda de groupies, mesmo em uma sessão que em tese se destinaria a profissionais da imprensa. O clima da sessão de A Pele que Habito(La Piel Que Habito, 2011) lembrava essas estréias de filmes como Star Wars, nas quais pessoas assistem aos filmes com espadas à mão, peculiares próteses auriculares e artefatos os mais diversos, porém, aqui, numa chave mais ONG-Cult, viva as minorias e tal e coisa. Esse clima de ovação, ainda que legítimo, acaba não fazendo jus às próprias complexidades e sutilezas do filme, já que a aprovação ao que seria exibido em tela precedia a exibição em si: em diversos momentos a platéia ria antes mesmo que a piada se completasse (em outros o riso vinha mesmo quando não se tratava propriamente de uma piada).
Mas nem ele, o belo cineasta que é Pedro Almodóvar, nem La piel que habito, esse filme estranho, algo desconjuntado e sempre interessante, têm muito a ver com este relato, cuja existência deve ser creditada a uma vontade de passar ao leitor um pouco do clima por aqui. Neste novo trabalho, Almodóvar confirma a tendência recente de aprofundamento das relações entre seu único e indistinto universo particular e o cinema de gênero. Algo sempre presente em sua obra (ver, por exemplo, como agencia Noite de Estréia [Opening Night, 1977], de John Cassavetes, e A Malvada [All About Eve, 1950], de Joseph Mankiewicz, em Tudo Sobre Minha Mãe [Todo Sobre Mi Madre, 1999]), é, no entanto, a partir de Má Educação (La Mala Educación, 2004) que esta aproximação se intensifica, tendo em Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos, 2009) outro peculiar momento – em um filme que me parece ter sido “abandonado” um pouco antes da hora, diga-se de passagem.
Embora

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