A natureza da filosofia e o seu ensino
Há muitas dificuldades ao modo como esta disciplina é geralmente lecionada no Brasil. Daí surge à defesa de duas ideias principais que são: compreender a natureza aberta e especulativa da filosofia que é uma condição necessária para uma compreensão do seu ensino e também que para se ter uma compreensão produtiva do ensino da filosofia é necessária distinguir as competências filosóficas da informação histórica, e a leitura filosófica dos textos dos filósofos e sua compreensão.
A filosofia identifica-se com as disciplinas de história e física, pois apresentam poucos resultados consensuais. Não há respostas “certas”. E na história, e na física é a mesma coisa há muitos resultados amplamente consensuais.
É importante ressaltar que o caráter aberto da filosofia em nada diminui o seu valor cognitivo ou social, a sua seriedade acadêmica ou escolar, ou a sua importância existencial. Em qualquer caso, as instituições de ensino — tanto universitário como pré-universitário — estão preparadas para ensinar aos estudantes os resultados consensuais substanciais das diferentes disciplinas das humanidades, das ciências da natureza ou da matemática. Ao estudante compete compreender os resultados fundamentais da sua disciplina, e após aplicá-los no desempenho de uma profissão associada. Se tentarmos aplicar este modelo de ensino à filosofia, teremos de algum modo de ultrapassar a inconveniência de não podermos em boa-fé dizer aos estudantes que a teoria do conhecimento de Kant é consensual, ou que as ideias de Nietzsche sobre a ética são amplamente aceites entre os filósofos. A solução habitual é procurar substituir a filosofia por outra coisa qualquer: pela história da filosofia, pelo ensaísmo literário ou pela especulação de caráter mais ou menos vagamente sociológico ou psicológico. Qualquer uma destas estratégias visa evitar o escândalo de a filosofia não ser como as outras áreas disciplinares: não temos resultados substanciais