A Natureza Da Filosofia E O Seu Ensino Resumo
Uma das dificuldades que estudantes e professores de Filosofia enfrentam é a seguinte: ao contrário do que acontece noutras disciplinas, a Filosofia não tem um corpo imenso de conhecimentos que tenhamos de adquirir. Isso desorienta o estudante e o professor, porque não encontram na Filosofia o tipo de conteúdos que se encontram na história, na física ou na matemática. Na História, há acontecimentos que têm de ser compreendidos; na Física, leis e fórmulas; na Matemática, teoremas e cálculos e regras. E na Filosofia? Há as opiniões opostas dos filósofos, que nunca parecem chegar a um consenso mínimo. Essa visão das coisas está sutilmente errada, mas é, em parte, correta — e o problema é que ela desorienta estudantes e professores. É a esse tipo de problemas que a natureza da Filosofia levanta para o ensino e o estudo que dedico estas páginas. Espero que sejam úteis.
O primeiro aspecto a se levar em conta é o seguinte: ao contrário do que as pessoas pensam, o que há realmente de interessante na Física para um físico, , ou na História para um historiador, não é o amontoado de conteúdos que se aprendem ao longo de vários anos de ensino, mas o que vem depois disso: as fronteiras do conhecimento. . As pessoas desconhecem que o conhecimento, em todas as áreas, assim como as artes e outras manifestações culturais, está em formação; não está acabado. E desconhecem que, no conhecimento há desacordo, discussão de idéias, disputas e etc. . Como na Filosofia. A diferença fundamental é que, na Filosofia, ficamos ao fim de muito pouco tempo, porque, em Filosofia, não se sabe praticamente nada.
Mas se não se sabe praticamente nada na Filosofia, como podemos andar a estudar Filosofia durante anos na escola ? Podemos fazer isso porque o tipo de estudo que se faz em Filosofia — se o fizermos bem — é como o estudo que faz um historiador quando explora as fronteiras do conhecimento: descobre problemas, procura resolvê-los,