A natureza da filosofia e o seu ensino
• O ensino da Filosofia é muitas vezes de má qualidade, devido a uma incompreensão da natureza da própria Filosofia — e do conhecimento em geral.
• A filosofia distingue-se de disciplinas como a história ou a física por apresentar poucos resultados consensuais: a maioria dos problemas centrais da filosofia continua em aberto.
• É importante compreender o que significa dizer que a maioria dos problemas centrais da filosofia continua em aberto. Esta afirmação não significa três coisas:
- Primeiro lugar, não significa que não há resultados; claro que há — as diferentes idéias defendidas pelos diferentes filósofos são resultados da filosofia. Só que não são resultados substanciais consensuais, ou seja, resultados substanciais que a generalidade dos filósofos aceite.
- Segundo lugar, não significa que não há alguns resultados consensuais em filosofia. Também os há, mas estes não são substanciais, no sentido em que consistem, sobretudo em resultados negativos ou transversais.
- Terceiro lugar, defender que a filosofia é fundamentalmente uma disciplina em aberto não é necessariamente o prelúdio de um elogio ao permanente “questionamento” sem rumo, ao amor pelo questionamento em si.
• O problema do ensino da filosofia parece ser em afirmar que a filosofia é uma disciplina em aberto, sem resultados substanciais consensuais, sendo uma forma de apoucar a disciplina, de a denegrir ou subalternizar.
• É importante declarar desde já que o caráter aberto da filosofia em nada diminui o seu valor cognitivo ou social, a sua seriedade acadêmica ou escolar, ou a sua importância existencial.
• A filosofia é uma disciplina especulativa, que lida com problemas que ninguém sabe resolver. Esta realidade não é apenas difícil de aceitar porque as instituições de ensino estão, sobretudo, vocacionadas para transmitir o conhecimento já feito aos estudantes.
• As instituições de ensino estão vocacionadas há ensinar resultados