A morte do autor
Segundo Barthes, a idéia do autor como parte da análise da obra é uma concepção da sociedade moderna, prestando conta ao positivismo, ao qual se deve o privilégio da importancia do autor, depois da Idade Média com o enaltecimento da “pessoa humana”.
Essa concepção é reforçada ao longo do tempo pelos manuais de literatura, nas biografias de escritores, nas entrevistas das revistas, na própria consciência dos literatos, ligando a obra ao autor. Na critica moderna a conexão entre escritor e texto ganha força, explicando a obra pelos gostos, vícios e ideologias, sempre preocupada em buscar sentido para o texto ao lado de quem a produziu, como se a ficção no fundo fosse a voz confessa do autor.
Barthes se apóia em autoridades literárias renomadas, Mallarmé e Valéry, para abalizar seu discurso de que a importancia da matéria literárias (a linguagem) precede, apaga a do homem que a escreveu. Não que R. Barthes estivesse negando a existência do autor, homem físico, mas rejeita a ideia de autor como uma espécie de chave para decifrar o signo lingüístico no texto literário.
A linguagem pronuncia e não o autor, com sua história, seus gostos e suas paixões. Ele ainda diz que, a escrita se vale de uma impessoalidade (o que não tem nada a ver com a objetividade dos realistas). Ela é quem age, “performa” e não o escritor. Apaga-se o autor em proveito da escrita. Para isso é que contribuiu o Surrealismo, afastando o autor-home e abrindo espaço para o sujeito do discurso.
Ao declarar a morte do autor, R. Barthes institui a figura do Scriptor que nasce com o texto e morre quando este é posto em circulação, como se ele fosse