O MULATO O romance O Mulato foi escrito por Aluízio Azevedo no ano de 1881. Foi seu segundo livro, marco da sua carreira de escritor, e foi esponsável pelo início do naturalismo no Brasil. O Mulato é uma denúncia do preconceito racial na sociedade maranhense e da corrupção do clero, o livro irritou os comprovincianos de Aluísio a ponto de o escritor resolver mudar-se para a Corte, onde faria sucesso. O livro inicia com uma descrição fúnebre da cidade de São Luís. “Era um dia abafadiço e aborrecido.” É nessa atmosfera abafada, tanto do ponto de vista climático quanto do convívio social que são apresentadas as personagens. Depois de falar do aspecto sujo e preguiçoso, tanto da cidade quanto da população, que o narrador apresenta a casa de Manuel Pescada. Manuel Pescada era “um português de uns cinqüenta anos, forte, vermelho e trabalhador. Diziam-no afilado para o comércio e amigo do Brasil. Tinha uma filha chamada Ana Rosa. Em sua casa, morava a filha e a sogra. Era viúvo. Tinha um comércio e queria fazer sua filha casar-se com o colaborador, o caixeiro Luís Dias, que o narrador descreve como: “O Dias, que completava o pessoal da casa de Manuel Pescada, era um tipo fechado como um ovo, um ovo choco que mal denuncia na casca a podridão interior. Todavia, nas cores biliosas do rosto, no desprezo do próprio corpo, na taciturnidade paciente daquela exagerada economia, adivinhava-se-lhe uma idéia fixa, um alvo para o qual caminhava o acrobata, sem olhar dos lados, preocupado, nem que se equilibrasse sobre um corda tesa. Não desdenhava qualquer meio para chegar mais depressa aos fins; aceitava, sem examinar, qualquer caminho desde que lhe parecesse mais curto; tudo servia, tudo era bom, contanto que o levasse mais