resumo e breve analise de “Morte e Vida Severina” do autor João Cabral de Melo Neto
Severino , o emigrante que sai da caatinga em busca de uma vida melhor no litoral , é o estereótipo do nordestino oprimido pela seca, pela fome e pela exclusão social . No caminho que faz, seguindo o rio Capibaribe para chegar até a cidade de Recife, Severino desfia um rosário metafórico de locais e fatos que trazem em comum o traço insigne da morte .
Neste percurso, marcado por pequenas tragédias locais que, encadeadas, apresentam um panorama duro e fiel da realidade do sertão nordestino, Severino vê se perderem suas singelas esperanças de encontrar um pouco de vida num lugar onde a morte é o mais marcante elemento da paisagem local.
Quando, finalmente, chega em Recife, percebendo que sua história não seria diferente da de seus irmãos severinos, o retirante pensa em antecipar seu inevitável destino suicidando-se nas águas do Capibaribe.
Entretanto, neste momento da narrativa, com o nascimento do filho de Seu José, Mestre Carpina, homem com o qual Severino falava a respeito do suicídio, o discurso muda de tom . Seu José, à revelia das condições desfavoráveis, faz um lírico e emocional elogio à vida .
Na fala do Mestre Carpina, observa-se um olhar de esperança (ainda que circunspecta) e de deslumbre (ainda que contido) diante da vida. Mesmo num lugar marcado pela morte e mesmo sendo o nascimento de seu filho a pequena explosão de uma vida certamente severina como a dele, Seu José não deixa de reconhecer a beleza do “espetáculo” da vida e da latente força transformadora da sua presença.
Percebemos, então, que o conflito apresentado no título da obra é dialeticamente abordado em toda a narrativa. Por exemplo, quando Severino busca vida , durante toda sua viagem, quem lhe acompanha é a morte . No entanto, quando o retirante pensa em se render ante domínio da morte, é subitamente despertado pela explosão de uma vida que traz em si toda uma carga de otimismo e esperança.