Relatorio
CONTEMPORANEAS
#O Modernismo e o Brasil depois de 30
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Antônio Olavo Pereira ( Contra-Mão, novela, 1949; li larcoré,
1957; Fio de Prumo,1965, romances ) é um estilizador sóbrio e intenso de dramas familiares.
Discreta, fluente e dotada de um senso vivo do diálogo, a melhor prosa de Lúcia Benedetti está em Vesperal com Cbuva, contos publicados em 1950.
Otto Lara Resende já nos deu provas de fina análise ao voltar- se para as faces mórbidas da criança e para os conflitos entre a libido e uma formação religiosa tradicional, "mineira" ( O Lado
Humano, 1942; Bôca do Inferno, 1958; O Retrato rza Gaveta,
1962; O Braço Direito, 1963 ). Próximo lhe fica o também mineiro Fernando Sabino, autor de um vivo depoimento da geração que amadureceu durante a Segunda Guerra ( O Encontro
Marcado, 1956).
Experiência cortante de neo-realismo psicológico é a de Carlos
Heitor Cony, narrador que oscila entre a representação do universo degradado da "persona" burguesa ( O Ventre, 1958;
Antes, o Verão,1964. . . ) e a ênfase no compromisso individual perante a sociedade, caminho do romance "político" em sentido lato (Pessach: a Travessia, 1967).
Já o neo-realismo das histórias curtas de Dalton Trevisan acha-se animado de um frio desespêro existencial que o leva a projetar, na sua voluntária pobreza de meios, as obsessões e as misérias morais do uomo qualungue da sua Curitiba. Como todo verismo que nasce não do cuidado de documentar mas de uma violenta tensão entre o sujeito e o mundo, a arte de Trevisan cruza o limiar do expressionismo. Que se reconhece no uso do grotesco, do sádico, do macabro, comum a tantos dos seus contos
(Novelas Nada Exemplares, 1959; Cemitério de Elefantes,
1964; A Morte na Praça, 1964; O Vampiro de Curitiba, 1965;
Desastres do Amor,1968 ).
A descida ou, pelo menos, a alusão às fontes pré-conscientes da conduta cotidiana ( matéria-prima da psicanálise embora, não raro, apenas "ocasião" da obra narrativa ) constitui