A Lógica segundo Kant
Tudo na natureza acontece segundo regras, todas as coisas acontecem segundo leis e em toda parte não existe em geral irregularidade alguma, mas, se por acaso nos depararmos com alguma, dizemos apenas que ainda não conhecemos suas regras.
O entendimento opera regras que são necessárias, isto é, aquelas as quais sem, não seria possível o próprio entendimento. Sabendo disto, Kant descobre uma forma de se deparar com apenas tais regras, bastaria apenas pormos “de lado todo o conhecimento que temos de ir buscar apenas aos objetos, e refletirmos tão-só acerca do uso do entendimento em geral”. Estas regras necessárias para o pensar são independentes de toda a experiência, ou seja, são a priori, seguindo assim, se referem sempre à sua forma e não à sua matéria.
Então, “a esta ciência das leis necessárias do entendimento e da razão em geral ou da simples forma do pensar em geral, chamamos de lógica”.
Ignorando a matéria do conhecimento, a lógica, a ciência que se ocupa do pensar em geral, deve se considerar:
1) Como fundamento de todas as outras ciências e e como propedêutica de todo o uso do entendimento. E justamente porque abstrai, de modo pleno, de todos os objetos;
2) Não pode ser órganon das ciências. A lógica não pressupõe o conhecimento exato das ciências, dos seus objetos e das suas fontes, portanto não é uma “diretiva sobre o modo como se deve alcançar um certo conhecimento”, pois não lida com a matéria do conhecimento, desta maneira não pode ser um órganon. A lógica, por não poder ingressar nas ciências e antecipar a sua matéria, é apenas arte universal da razão, de ajustar conhecimentos em geral à forma do entendimento e, por isso, só se chamará um órganon;
3) A lógica é um cânon da razão e do entendimento, que deve conter apenas leis puras a priori, que são necessárias e universais, nunca se remetendo à experiência.
4) Uma ciência racional quanto à matéria, ou seja, que tem a razão por seu próprio objeto. E ainda é