Introdução ao problema da crítica da razão pura de immanuel kant

Na Crítica da razão pura (1781) [1] Kant busca demonstrar os limites da ciência físico-matemática. Tal demonstração o conduz a negar a metafísica como ciência, visto que século XVII ela tinha a pretensão de apoiar-se na mesma objetividade e universalidade das ciências matemáticas e naturais. Como compreender que a física e matemática a fossem para Kant ciências e a metafísica não? Para podermos responder a questão é importante que entendamos as questões que envolvem a ciência físico-matemática e a metafísica. Na Alemanha da primeira metade do século XVIII existiam duas físicas, a de Descartes e a de Leibniz. Do embate entre cartesianos e leibnizianos não saíram vencedores, porque ao surgir, a física de Newton superou a ambas. Embora as físicas de Descartes e Leibniz fossem muito diferentes entre si, elas mantinham três pontos básicos em comum: ▪ Compartilham da idéia clássica de ciência como conhecimento universal e necessário; ▪ Trabalham no projeto comum da ciência moderna: matematizar o universo vinculando suas físicas às suas respectivas metafísicas; ▪ Fundamentam suas físicas em suas metafísicas. Após haver iniciado sua formação em física em meio às polêmicas entre cartesianos e leibnizianos, Kant adota a física newtoniana, mas preserva a idéia de ciência partilhada pelas físicas de Descartes e a de Leibniz, sobrepondo-a a de Newton. Desta forma, Kant concebe a física newtoniana como um conhecimento universal e necessário. A metafísica para Kant é basicamente a metafísica racionalista, da qual seu maior expoente é Descartes. Descartes buscou demonstrar determinadas verdades por meio de puros raciocínios. A metafísica pretendia conhecer por meio da razão pura, verdades que transcendiam toda experiência possível, tal qual as substâncias a alma e o corpo, a imortalidade, Deus e mesmo a liberdade. Para Kant parecia evidente que tais verdades não eram objetos de conhecimento e que a metafísica falhara em demonstrar sua existência